FRATURA PENIANA E SEU RETRATO EM UMA GRANDE EMERGÊNCIA DO RIO DE JANEIRO NO ANO DE 2010
CARLOS EDUARDO DE SOUZA SCANNAVINO, RACHEL BARBEDO PEDROSA, HELISANDRO MONTENEGRO BRANDÃO*, DANIEL PEDRO DOS SANTOS, ARTHUR VIANA MANHÃES, EMANUEL LEAL CHAVES**, RICARDO ABLE REZENDE, FABIANO JOSÉ DO NASCIMENTO, JOSÉ ALEXANDRE ARAÚJO, JORGE LUIZ GOMES DOMINGOS, IN XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE UROLOGIA, FLORIANÓPOLIS 2011
*Orientador, **Chefe do Serviço
Introdução: A fratura de pênis (FP) resulta da ruptura da túnica albugínea (TA), secundário à trauma em ereção e representa emergência de baixa incidência. FP apresenta-se com dor aguda no pênis, perda súbita da ereção, edema e hematoma peniano, podendo estar associado com lesões uretrais. Tratamento consiste na rafia da TA. O retardo na realização do tratamento adequado pode levar a fibrose com deformidade peniana.
Material e Método: Foi realizado levantamento retrospectivo dos PC internados no Hospital Federal do Andaraí no período de jan. de 2010 a jan. de 2011. Avaliando idade, localidade, mecanismo de trauma, tempo de atendimento, tempo entre o atendimento e a cirurgia, sintomatologia, tipo de lesão, técnica, tempo cirúrgico e seguimento.
Resultados: Foram atendidos dez PC com FP. Apresentaram idade média de 40 a. (21-60a). Nove PC eram do Rio de Janeiro. As lesões ocorreram durante intercurso sexual. Apresentaram hematoma (100%), dor (60%) e estalido (30%). O tempo médio até o atendimento foi de 19 h. (2-72h). Seis PC relataram terem procurado pelo menos um hospital até o atendimento. O tempo médio entre o atendimento e a cirurgia foi de 4 h. (2-20h). Foram achadas lesões unilaterais (90%), bilaterais (10%) e lesões uretrais associadas (20%). O tempo cirúrgico médio foi de 70 min.. Foram realizadas incisão circunferencial e desenluvamento (70%), incisão na rafe mediana (20%) e incisão em Y na base peniana (10%), esta em paciente com lesão proximal. O tempo médio de internação foi de 3 dias e o tempo médio de permanência de sonda vesical (SVD) foi de 3,7 dias. Três PC não realizaram acompanhamento ambulatorial após alta. Nos sete que retornaram ao ambulatório não foi evidenciado fibrose peniana (tortuosidade) ou qualquer grau de disfunção erétil. Os dois PC que apresentaram lesões uretrais não evoluíram com estenose uretral (urofluxometria normal).
Discussão: Com o advento dos inibidores da 5-PDE encontramos a FP nas mais variadas idades, devendo ser considerado também em idosos. A falta de organização nos sistemas de referência e contra-referência de emergência no Rio de Janeiro foi demonstrada no grande tempo levado entre a lesão e o atendimento especializado (média de 19h). A técnica preferida, apesar de não haver conduta protocolada, foi a de incisão circunferencial e desenluvamento, representando apenas experiência pessoal do cirurgião, não havendo resultados superiores entre as técnicas de acesso utilizadas.
Conclusões: Apesar de rara, a FP representa o trauma genital mais comum. O rápido encaminhamento para serviço especializado, resultará em um atendimento mais adequado. O urologista deve estar familiarizado com as condutas a serem tomadas, lembrando da possibilidade de lesões uretrais associadas. Assim culminaremos em um tratamento adequado e evoluções favoráveis, como encontrados em nossa série.